segunda-feira, 30 de junho de 2014

Sinfonia Submersa

Clave em tom maiores outrora menores,
dando sal no alaúde cromado em vozes.
Foi se formando músicas e notas notórias
debaixo da terra sua poesia, fado melódico.

Costumo escutar o canto dos pássaros viajantes,
em seu prumo cantante, absorvendo vento ruminante
som nas frestas das janelas, assoviante, atordoante
medo flamejante, estrondoso, calmo e fascinante...

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Escapulário

_Espere! Quero fazer algo escandaloso e um tanto doloroso.
_Me conduza com seu escapulário de pedras, esse ornamento da era barroca em seu peito que me faz delirar em rancor.
_Daime! Me leve com você ou me de seu escapulário, estou sedento.
Ele quer me mostrar o caminho dos formigueiros dos açucares que perdi depois de tanto tempo escondido.
_Me mostre o escapulário pequeno homem!
Não me rele a mão nos lábios, suas ofensas se fazem contagiosas, quero seu escapulário para adorar em simpatia.
_Homem me de o escapulário!
Agora sem demora!
Por favor, não me faça de sabugo de milho!
Não me deixe em eterna espera, estou faminto estou sem fé e sem pé, estou perdido e cheirando cravo com rapé.
_Finge que não me vê depois de sua canção falhar, as pessoas vão deixar de acreditar sem seus plantios nojentos, feitos em hortas e urtigais sujos, sem escrúpulos.
Vamos agora repartir o ornamento de pedras que tanto almejei em seu peito, mas que nunca fui capaz de conquistar.
Olhe para o lado!
Tenha piedade de mim seu feiticeiro dos ventos!
Não esqueça estamos chegando ao fim! 
Sem medo e sem termos em leis. 
Passe esse ornamento ornado em riqueza, esmerado em luxúria! 
Para o lado branco e estreito da vida que me conduzo confuso.
Escapulário do egoísmo, egocentrismo tudo que o rodeia e o faz mais feliz que todos.

Te conservo e pleiteio sua voraz cegueira, me tornando algo menos importante por querer e morrer tentando.

domingo, 22 de junho de 2014

Deslumbrante

-Deslumbrante-


Cai e goteja no canto da pedreira
ignóbil, sábio e parasita!
Desfez as malas pelo corredor,
escreveu prefácios sobre dores e desamores.
Foi e nos deixou com as ferraduras e cordas...

O Trejeito da Lesma

-O Trejeito da Lesma-


Hordas de vassalarias incontáveis...
cheiro do prumo em encantamento...
o que queres de mim lesma insípida?
Seu gosto, sua dor, seu rancor, faz de mim pálido de pavor...
ergo sua grua em meu peito, passo o fio da faca e te descasco...
sem chorar, muito menos amar...

Degringolando

-Degringolando-

A cor da caneta pode mudar o sentido e o rumo da sua solidez quando expressada no papel.
A mente pode mudar o rumo do papel quando a solidez tem sentido de roubar a cor de cada caneta.
E ainda o papel pode dar sentido á mente sem cor, como canetas sem sentido e sem rumo mudando o inexistente.


A Pangeia das Mostardas

A Pangeia das Mostardas
o que esta nascendo deixou de existir
por falta de ser, por ter tempo a perder
cada sorriso me traz o seu elixir 
fechou as portas e foi morar fora daqui...
sentinela dos tempos, madre dos ventos
reis e rainhas da soberania trivial.
construindo castelos em cima de esgoto em suor animal.
polindo as correntes de prata em deriva continental.